Faltam 16 dias para o Draft de Expansão do Seattle Kraken! No dia 21 de julho iremos descobrir como será o time da mais nova franquia da NHL. Pensando nisso, a equipe da NHL Brasil trouxe uma série de matérias sobre o evento, incluindo como funciona o Draft até quais jogadores nós protegeríamos.

Inicialmente, vamos falar um pouco sobre o motivo pelo qual a NHL mudou as regras do Draft de Expansão.


A NHL se prepara mais uma vez para passar por um novo processo de expansão. Em 21 de julho, o Seattle Kraken fará o seu Draft de Expansão e montará seu elenco que começará a competir na temporada 2021-2022. A franquia de Seattle fará suas escolhas com as mesmas regras utilizadas pelo Vegas Golden Knights em 2017. 

Expansões não são novidades na liga, aliás, nenhum pouco. Esta será a 14ª expansão da história da NHL. A primeira, ocorreu em 1967 e adicionou seis novos times, dobrando o número de equipes na liga “do dia para a noite”. 

Olhando para as regras que temos hoje, fica evidente que a NHL tem por objetivo que as franquias iniciem suas vidas com uma equipe minimamente competitiva e que atraia a atenção do público e da mídia em geral, garantindo vendas de ingressos e bons acordos comerciais, assim evitando um início difícil e que pode causar problemas em poucos anos. Para ficar por dentro de como funcionará o Draft de Expansão deste ano, não deixem de assistir o vídeo que postamos em nosso YouTube ou ler o texto feito por nós.

O primeiro Draft de Expansão

As regras para o primeiro Draft de Expansão de 1967 eram um pouco diferentes de hoje:

  • Cada um dos seis times existentes à época deveria proteger um goleiro e 11 patinadores; 
  • Jogadores que atuavam em ligas juniores não estariam disponíveis para serem selecionados, assim como jogadores com idade para atuar em ligar juniores, mas que já eram profissionais; 
  • Jogadores vendidos à ligas menores como a Western Hockey League (WHL) e a Central Professional Hockey League (CPHL) também não estariam disponíveis.

Vocês devem estar se perguntando: mas essas regras parecem um pouco com as de hoje em números de jogadores, não?

Sim. Porém devemos lembrar que era 1967 e talentos não existiam na mesma proporção que hoje, por exemplo. Então, ao proteger 11 patinadores, as equipes basicamente conseguiam manter toda sua estrutura, incluindo estrelas e jogadores médios, deixando apenas jogadores que não impactavam no gelo. 

Clarence Campbell, presidente da NHL em 1966, aperta as mãos de George Flaherty – San Francisco, que viria a ser California Seals – e Gordon Ritz – Minneapolis-St. Paul, que viria a ser Minnesota North Stars. (Foto: AP Photo)

O resultado disso foi times fracos e pouco competitivos sendo criados. Para tentar melhorar o resultado, a NHL criou duas conferências diferentes e colocou de um lado os seis times originais (Montreal Canadiens, Toronto Maple Leafs, Chicago Blackhawks, Detroit Red Wings, Boston Bruins e New York Rangers) e do outro os seis novos times (Los Angeles Kings, Pittsburgh Penguins, Philadelphia Flyers, Minnesota North Stars, California Seals e St. Louis Blues).

O formato garantiria que ao menos um dos novos times chegaria às finais e assim, os Blues acabaram sendo finalistas em seus três primeiros anos de existência, saindo derrotado todas as vezes. A franquia de St. Louis despontou como uma das poucas que podiam obter sucesso na época, conseguindo recordes positivos durante as temporadas inaugurais. Somente em 1974 os Flyers acabaram por vencer a Stanley Cup, após um bom trabalho nos Drafts de Entrada, onde os novos jogadores são escolhidos, a equipe montou uma forte base e pode competir de igual para igual com as fortes franquias do outro lado. 

O segundo Draft de Expansão

Em 1970, outros dois times chegaram na liga: Vancouver Canucks e o Buffalo Sabres. Desta vez, uma mudança nas regras não favoreceu nenhum pouco as novas equipes

  • Cada equipe existente poderia proteger dois goleiros e 15 (!!) patinadores;
  • Jogadores amadores e jogadores ainda em seu primeiro ano como profissionais também não estariam disponíveis. 

O Buffalo Sabres patinou por ao menos quatro temporadas, mas após adições ao elenco e bons Drafts, conseguiu chegar a Stanley Cup em 1975, onde saiu derrotado pelos Flyers, na primeira final em equipes de expansão. Buffalo teve uma grande segunda metade da década de 1970, porém só retornou a Stanley Cup em 1999.

O Vancouver Canucks não teve uma boa década inicial, onde acabou sendo sempre eliminado no primeiro round ou nem se classificando. Em 1981 a equipe chegou às finais, apesar de um recorde modesto na temporada regular, mas acabou derrotada pela forte equipe dos Islanders, que davam início a sua dinastia dos anos 80. 

Agora vamos avançar no tempo e ir até o ano de 1993. Durante esse intervalo, a NHL passou ainda por mais seis expansões e viu seu número de times chegar a 24. Foram utilizadas basicamente as mesmas regras no que diz respeito a números de jogadores protegidos.

Regras novas para as Expansões

Então, em 1993 era hora de expandir novamente e a liga deu as boas-vindas ao Mighty Ducks of Anaheim e ao Florida Panthers. Dessa vez, mudanças nas regras e algo um pouquinho mais justo com os recém chegados:

  • As equipes existentes poderiam proteger um goleiro, cinco defensores e nove jogadores de ataque;
  • Jogadores em primeiro ano de contrato profissional e jogadores de segundo ano na lista de reserva também não estariam disponíveis; 
  • Cada time só poderia perder um goleiro ou um defensor no Draft;
  • Ducks e Panthers teriam que selecionar três goleiros, oito defensores e 13 jogadores de ataque;

Os Panthers chegaram às finais da Stanley Cup apenas três anos após sua criação, sendo derrotados pelo poderoso Avalanche na ocasião. Após isso, a franquia não se encontrou mais e desde então, luta para passar da segunda rodada, tendo montado uma boa e competitiva equipe nos últimos anos. Já os Ducks, precisaram de nove anos até a primeira final, onde acabaram derrotados, mas viriam a vencer seu primeiro e único título em 2007.

Draft de Expansão de 1993
Draft de Expansão de 1993 (Foto: Reprodução/theleafsnation.com)

Após a expansão de 1993, a liga passou ainda por mais dois processos em 1998 e 1999, utilizando basicamente as mesmas regras de 1993. Então chegamos ao ano de 2000, que seria a última expansão da liga em 17 anos, até a chegada de Vegas. 

Mais mudanças de regras

A liga deu as boas vindas ao Minnesota Wild e ao Columbus Blue Jackets. As regras do Draft foram as seguintes:

  • Dos 28 times existentes, 26 precisariam proteger um goleiro, cinco defensores e nove jogadores de ataque OU então dois goleiros, três defensores e sete jogadores de ataque;
  • Times protegendo dois goleiros, precisavam deixar um goleiro desprotegido que deveria ter jogado ao menos 10 partidas na temporada anterior ou 25 nas últimas duas;
  • Ao menos um defensor que ficaria desprotegido deveria ter jogado 40 jogos na temporada anterior ou 70 jogos nas últimas duas. 

Apesar de regras mais convidativas, a liga no início da década de 2000 não era tão jovem como hoje, e mesmo com as listas diminuindo, todas as equipes foram capazes de se blindar da melhor maneira e manter todos seus talentos de ponta, deixando Wild e Blue Jackets com poucas boas opções.

O reflexo disso se mostrou um pouco mais no Columbus Blue Jackets, uma equipe que até hoje sofre para se estruturar e competir, claro, muitas decisões questionáveis, mas principalmente um mercado pequeno, com uma equipe que não nasceu de forma convidativa para jogadores de ponta que buscam vencer. O Wild teve um melhor desempenho, muito graças a excelente escolha de Marian Gaborik no Draft de Entrada de 2000. O jogador atuou e liderou a equipe por oito anos, chegando a uma Final de Conferência três anos após a criação da franquia e marcado presença regular na pós-temporada da NHL.

A última Expansão antes do Kraken

Na offseason antes da temporada 2015-2016, a NHL anunciou que aceitaria propostas para uma expansão, que não ocorria desde 2000. Dois grupos se destacaram: Las Vegas e Quebec City, que perdeu sua franquia no ano de 1995, o Nodiques, que se mudou para o Colorado, se tornando o Avalanche. 

Em 22 de junho de 2016, a proposta de Las Vegas, liderada pelo bilionário Bill Foley foi aceita pela liga. Las Vegas contava com uma arena sendo construída e que ficaria pronta já em 2016 e era um mercado visado pelas grandes ligas. Quebec City também contava com uma boa arena e que recebia jogos de ligas menores com frequência, mas preocupações com o dólar canadense, além de considerações a respeito do balanço demográfico da liga, fez com que a proposta da cidade canadense fosse recusada em prol da cidade do deserto. 

Sendo assim, Las Vegas foi aprovada como franquia de expansão e começaria a competir na temporada 2017-2018. 

Lista de escolhidos pelo Vegas Golden Knights no Draft de Expansão
Lista de escolhidos pelo Vegas Golden Knights no Draft de Expansão (Reprodução/NHL)

Vivendo uma nova época de talentos na liga e visando garantir um maior nível de competitividade, a NHL alterou novamente as regras do Draft de Expansão:

  • Cada time poderia proteger sete jogadores de ataque, três defensores e um goleiro OU então um goleiro e oito jogadores (ataque e defesa); 
  • Somente jogadores com mais de dois anos de experiência profissional (AHL ou NHL) poderiam estar disponíveis no Draft, garantindo proteção a jovens promessas das equipes;
  • Vegas poderia assinar com qualquer agente livre restrito (RFA) ou agente livre irrestrito (UFA) que fossem deixados desprotegidos por suas equipes 48 horas antes do Draft de Expansão;
  • Caso Vegas assinasse com um RFA ou UFA de algum time, esse time em questão não precisaria ceder outro jogador no Draft de Expansão. 

Com essas novas regras, cada time poderia perder ao menos um defensor do seu top 4 ou um atacante do seu top 9.

Devido a atual situação da liga, onde diversos times possuíam fortes unidades de ataque e defesa, isso garantiu que a nova franquia teria acesso a alguns talentos já mais sólidos. Além disso, alguns times precisavam negociar contratos considerados “ruins” e com isso, Vegas acabou por receber certas “peças” como pagamento para aceitar jogadores com contratos longos e salários mais altos, o que no fim, acabou por se tornar a espinha dorsal do que viria a ser a franquia de expansão mais bem sucedida das últimas décadas.

Mas isso, meus amigos, é conversa para o nosso próximo texto da série, que sai dentro de dois dias. Fiquem de olho no Twitter e Instagram da NHL Brasil!