E finalmente chegou o dia de falar de mais uma rivalidade histórica da nossa liga de hockey preferida! Porém, desde já é bom lembrar: esta não é qualquer rivalidade, é simplesmente uma das mais antigas e considerada por todos a maior rivalidade existente na NHL. Uma rivalidade quase centenária e que durante sua história rendeu momentos épicos, históricos, violentos e assustadores. É hora de embarcar com a gente no novo artigo de rivalidades históricas falando de Boston Bruins x Montreal Canadiens!

Durante os 96 anos (!!!!) de rivalidade, as equipes já se enfrentaram um total de 927 vezes, até a data deste artigo, mais do que quaisquer outras equipes da NHL!

É claro que em uma rivalidade tão longa como esta, é difícil de falar de tudo de impactante que aconteceu, então neste artigo vamos tentar separar alguns dos principais momentos que por assim dizer, definiram esta rivalidade ao longo da história!

Peguem aquela bebida, um lanchinho e vamos mergulhar na história da nossa liga preferida!

8 de Abril de 1952 – Rocket Richard e o “maior gol de todos os tempos!’

A série que tinha o Montreal Canadiens como amplo favorito não foi nem de longe fácil como esperado. O Boston Bruins deu trabalho e não foi pouco, e a série acabou indo para o famigerado jogo 7.

Como de praxe, em 1952, lesões, fraturas e jogadores apagados no gelo eram coisas bem comuns e presentes em quase todos os jogos. Naquele dia, em um jogo 7 entre os grandes rivais não poderia ser diferente, né?  A estrela dos Habs, Maurice “Rocket” Richard iniciava uma de suas famosas “subidas” ao ataque durante o segundo período e ao passar pelo defensor dos Bruins, Hal Lacoye, Richard foi atingido em cheio pelo também defensor Leo Labine. O hit arremessou Richard no ar, o jogador foi atingido pelo stick de um dos defensores e caiu violentamente de cabeça no chão. O lendário Forum ficou em silêncio enquanto viam a estrela da equipe desacordada no chão e sangrando. Os socorristas correram em direção ao gelo com uma maca, mas o médico dos Habs ordenou que os mesmos voltassem.

“Vocês não conhecem esse cara. Ele teria que estar morto para que vocês o tirassem do gelo desta forma”

Gordon Young, médico dos Habs, conseguiu fazer Richard recuperar a consciência e seus companheiros o ajudaram sair do gelo. Enquanto os médicos davam pontos para fecharem os cortes, Richard desmaiou novamente e quando recuperou os sentidos novamente, a partida já estava no terceiro período e empatada em 1×1, quando um ensanguentado, zonzo e determinado Maurice Richard entrou no gelo durante um 4-contra-4, recebeu um passe de Emile Bouchard e partiu em direção ao ataque, passando por nada menos que três jogadores dos Bruins, tirou o goleiro Jim Henry da jogada com um fake shot e empurrou o disco para as redes para colocar os Habs na frente a pouco menos de quatro minutos do fim! Os Habs ainda marcariam mais uma vez no empty net e venceriam a série.

Abaixo, duas imagens do momento em Richard marca o gol!

bruins x canadiens

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Um fato curioso, é que após marcar o gol, Richard voltou ao banco, onde desmaiou novamente! Após a partida, o jogador em entrevista comentou que suas pernas estavam bem, mas que estava muito tonto durante o shift em que marcou o emblemático gol. Também após a partida, o goleiro dos Bruins Jim Henry fez questão de ir até Richard e cumprimentar o jogador dos Habs pelo gol marcado

“Claro que eu me sentia mal, afinal, ele havia acabado de nos eliminar dos playoffs, mas eu precisava ir até ele e parabenizá-lo por aquele gol. Foi um dos melhores gol que já vi e não me envergonho de ter sido batido por um jogador como ele.”

O curioso momento gerou uma das fotos mais famosas da história da NHL, onde Jim Henry aperta a mão de Rocket Richard, que ainda tem um grande sangramento na cabeça:

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13 e 17 de Março de 1955 – O incidente com os árbitros e a “Revolta de Richard”

Este capítulo da história é dividido em duas partes, porém os acontecimentos do dia 13, tiveram total influência nos do dia 17.

No dia 13 de março, Canadiens e Bruins se enfrentavam como de costume, desta vez em Boston. O defensor dos Bruins, Hal Laycoe, acertou Maurice Richard com um high-sticking, abrindo um corte que depois precisaria de cinco pontos na cabeça do jogador dos Habs. A jogada seguiu, já que o time canadense estava em posse do disco.  Ao fim da jogada, Richard foi direto na direção de Laycoe, que neste ponto já havia dropado as luvas e o stick, e acertou o jogador dos Bruins com o stick no rosto e nos ombros. Neste momento, os juízes avançaram para Richard, que se livrou dos mesmos e continuou atacando Laycoe até quebrar o stick no adversário e então entrou em cena o árbitro Cliff Thompson e o caldo entornou de vez: o árbitro conseguiu conter Richard a princípio, porém o jogador dos Habs se desvencilhou da zebra e desferiu dois socos violentos contra Thompson, que caiu nocauteado no gelo. Richard saiu do gelo acompanhado de um dos técnicos dos Habs, recebeu uma multa automática de 100 dólares e uma penalidade que o tirou do jogo (match penalty) e Laycoe recebeu um major e uma penalidade por má conduta de 10 minutos.

 

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Um dos árbitros e dois jogadores dos Habs contendo Maurice Richard

Após a partida, mais tensão, uma vez que a polícia de Boston tentou prender Richard e os jogadores dos Canadiens bloquearam a porta para impedir que isto acontecesse. Após muita discussão, os policiais deixaram o local, sob a promessa que a NHL cuidaria do caso e assim foi…

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A capa de um jornal local no dia seguinte após ao jogo

Como a estrela do time canadense já era reincidente em agressão a um árbitro, o então presidente da NHL à época, Clarence Campbell convocou os envolvidos na confusão a comparecerem em seu escritório no dia 16 de Março, para um audiência e foi então que Campbell tomou a polêmica decisão, que culminaria no episódio do dia 17 de Março de 1955: “A Revolta de Richard” (Richard’s Riot).

Na audiência, Richard alegou estar tonto e por isso confundiu o árbitro com um jogador dos Bruins, no entanto, não negou ou tentou se defender dos ataques cometidos contra Laycoe. Logo após a audiência, o presidente da NHL emitiu um comunicado, onde repudiava veemente os atos de Richard e o anunciou sua suspensão pelo restante daquela temporada – a maior suspensão aplicada por ele em seus 31 anos a frente da presidência da NHL. A decisão é claro, não caiu nada bem em meio a torcida de Montreal, que efetuou inúmeras ligações para o escritório da liga, que naquela época ficava em Montreal, fazendo ameaças de morte ao presidente Campbell.

 

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A torcida dos Canadiens protestando contra a decisão de Campbell
E então chegamos ao dia 17 de Março…

A suspensão gerou um clima de insatisfação imenso por parte dos canadenses, que acreditavam que a liga estava tentando humilhar os franco-canadenses punindo sua maior estrela. Apesar de neste dia os Habs enfrentarem os Red Wings no lendário Forum de Montreal, o clima ainda era pesado referente aos acontecimentos do dia 13 e suas consequências. Para piorar tudo, Clarence Campbell chegou a arena na metade do primeiro período, aumentando ainda mais a tensão no local, que imediatamente explodiu em vaias.

A torcida começou a perder o controle, atirando coisas na direção do presidente. Um torcedor, fingindo ser amigo de Campbell conseguiu driblar a segurança, se aproximar do presidente e agredi-lo por duas vezes, até ser contido pelos seguranças. Logo após este incidente, uma bomba de gás lacrimogênio foi atirada dentro do Forum, causando grande tumulto e a suspensão da partida naquele momento pelo chefe dos bombeiros de Montreal e a evacuação total do Forum, para maior segurança de todos. Campbell se refugiou na clínica dentro da arena esperando a multidão dispersar. A torcida que saía da arena começou a se reunir com algumas pessoas que protestavam do lado de fora e aí começou a famosa “Richard’s Riot”: Ao gritos de “Fora Campbell” e “Viva Richard” a baderna se estendeu e as pessoas começaram a quebrar janelas, atacarem outros pedestres, atearem fogo em barracas pelas ruas, tombarem carros.

Mais de 50 lojas em um raio de 15 quarteirões do Forum foram atacadas e depredadas, 12 policiais e 25 civis foram feridos. A revolta seguiu pela noite e terminou durante a madrugada, deixada a famosa rua de Saint Catherine em ruínas. A polícia estimou que entre 40 e 100 pessoas foram presas naquela noite, além de danos materiais de 100 mil dólares à época (mais ou menos 950 mil dólares atualmente). No dia seguinte, repórteres fizeram filas para tentar ouvir algo vindo de Campbell ou Richard.

O jogador canadense se pronunciou na TV e disse aceitar a punição, além de pedir que a torcida apoiasse os Habs para que tentassem vencer os jogos seguintes. Já o presidente da liga não se desculpou e disse ser o seu dever como presidente ir até o jogo, algo que as autoridades locais de Montreal discordaram, tendo um dos vereadores da cidade a época pedido a prisão de Campbell por incitar a revolta

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O jornal do dia seguinte estampava a destruição ao redor do Forum
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A famosa avenida da cidade e o rastro de destruição deixado

1971 – Quartas de Final e o improvável desfecho

Quando a temporada regular de 1970-1971 chegou ao fim, não restavam dúvidas sobre qual time era o favorito para conquistar a Stanley Cup daquela temporada: o poderoso Boston Bruins, que era liderado pelo lendário Bobby Orr e pela máquina de marcar gols Phil Esposito, que terminou aquela temporada com incríveis 76 (!!!) gols marcados. A equipe de Boston ainda terminou a temporada com 24 pontos a mais que os rivais de Montreal, mas aí chegaram os playoffs, aquela época do ano em que tudo pode acontecer e surgiu na história um personagem que entraria para história: um jovem goleiro de apenas 23 anos, chamado Ken Dryden.

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O goleiro Ken Dryden, em sua pose que ficou eternizada

A série começou no dia 7 de Abril com uma esperada vitória dos Bruins no extinto Boston Garden. Os donos da casa bateram os rivais por 3-1 e pularam na frente. O desenho da situação era inevitável: uma varrida dos Bruins, certo? Pois bem… não foi por aí.

No dia 8 de Abril as equipes voltaram a se encontrar e tudo ia bem para os Bruins até o segundo período, quando a equipe abriu um elástico 5×1. Henri Richard, irmão da lenda Maurice Richard diminuiu a vantagem ao final do segundo período, deixando a diferença em 3 gols. Foi então que os Habs explodiram no último período e marcaram cinco gols, sem sofrer um sequer, vencendo o jogo de maneira heróica. Uma das grandes figuras da noite foi o capitão do Montreal Canadiens, Jean Béliveau, que anotou dois gols e deu duas assistências naquela noite, liderando os Habs para a hoje épica virada

A equipe Canadense virou a série no jogo 3 e os Bruins buscaram o empate da mesma no jogo 4. Até ali, as coisas não estavam nenhum pouco como o esperado, especialmente pelo lado da torcida de Boston. Bobby Orr não conseguia conduzir os Bruins com a mesma consistência, tendo feito duas partidas muito abaixo da média. Ken Dryden continuava a frustrar Phil Esposito e nesse ponto, o então artilheiro daquela temporada concedeu uma entrevista que repercute até hoje e é tida como o combustível que motivou o Montreal Canadiens diante dos amplos favoritos.

Agora são os dois melhores de três jogos e não há a menor chance dos Canadiens nos vencerem em Boston. Acreditem!”

Apesar da convicção de Esposito, os outros jogadores estavam cautelosos enquanto aguardavam pelos Canadiens. Uma vez arrogantes e impetuosos durante a grande campanha da temporada regular, os jogadores agora estavam irritados. “Estes malditos nunca desistem?”

Na sequência da série, os Bruins venceriam o jogo 5 com um sonoro 7×3 em Boston, os Canadiens devolveriam um placar elástico batendo os Bruins no jogo 6 por 8×3 em Montreal e levando a decisão para o tão amado e odiado jogo 7!

O Boston Bruins contaria com o apoio de sua apaixonada e barulhenta torcida dentro do Boston Garden, enquanto os Habs entrariam em território inimigo para tentar uma façanha que nem o mais apaixonado dos torcedores poderia prever.

O jogo começou a mil por hora e quem saiu na frente foram os donos da casa com um belo gol de Ken Hodges, que colocou o disco no ângulo de Ken Dryden. Os Canadiens empataram com Frank Mahovlich que pegou o disco no ar após passe de Jacques Lemaire e bateu Gerry Cheevers. Os Habs passaram a frente no placar após uma jogadaça individual de Pete Mahovlich (irmão de Frank) que passou por dois marcadores disparou uma bala na direção de Cheevers que pouco pode fazer. Após a virada, era nítido que algo havia acontecido com a equipe dos Bruins. Bobby Orr pouco apareceu naquela noite, Esposito foi infernizado por quem quer que passasse por perto da máquina de marcar gols dos Bruins e Ken Dryden teve mais uma noite daquelas! No segundo período, J.C. Tremblay aumentou a vantagem para os Habs e deixou tudo encaminhando para o período final. A equipe de Boston parecia incapaz de reagir e o que muito julgavam impossível, estava acontecendo: o melhor time da temporada estava caindo no primeiro round!

O prego que faltava no caixão veio no terceiro período e justamente evidenciando o retrato daquela série: quando Bobby Orr não encontrava seu jogo, o Boston Bruins sofria. O lendário defensor conduzia o disco pela linha azul, quando sofreu o check de Jacques Lemaire, que recuperou o disco e avançou em velocidade e com um passe certeiro deixou Frank Mahovlich livre para fazer o 4º dos canadenses. Os Bruins ainda acordaram após o 4º gol dos Habs e ainda diminuíram o placar, mas o garoto Ken Dryden estava decidido a avançar naquela noite e simplesmente fechou o gol durante a artilharia pesada de Esposito, Orr e cia. O Montreal Canadiens não apenas derrubou o gigante naquela noite, como avançou em sequência e conquistou a Stanley Cup daquela temporada. Os Bruins se recuperariam da decepção sofrida na temporada 1970-1971 e conquistariam o título na temporada seguinte.

1979 – Semi final e a “Too Many Men On The Ice” mais famosa da história!

Os anos 70 definiram Bruins x Canadiens como a maior rivalidade da história da NHL. Basicamente todo e qualquer confronto entre as equipes era uma batalha no gelo. Jogadores não se bicavam nenhum pouco, torcidas se detestavam e a cada jogo entre as equipes, isso tudo só aumentava. Após a grande surpresa de 1971, as equipes voltariam a se encontrar seis anos depois nas finais da Stanley Cup, onde os Habs varreram os Bruins e conquistaram o título. No ano seguinte, em 1978, mais um encontro na Stanley Cup e mais uma vitória da equipe canadense que consolidava sua dinastia a cada ano.

E então os Deuses do Hockey resolveram nos presentear com mais uma grande série entre as equipes, pelas semifinais dos playoffs da Stanley Cup de 1979.

Como sempre, as equipes fizeram uma série pra lá de equilibrada e disputada. Cada jogo a animosidade aumentava. O Montreal Canadiens lutava para manter sua hegemonia em uma temporada em que as coisas pareciam que não dariam certo por lá. O Boston Bruins, totalmente renovado em comparação a equipe vencedora da Stanley Cup em 1972, buscava por fim derrubar o rival em uma série de playoff, feito que não ocorria desde 1946. No fim das contas, tudo iria ser definido mais uma vez no amado jogo 7. Desta vez, os Bruins entrariam em território hostil para tentar derrubar os rivais no lendário Forum de Montreal.

Puck no gelo e de início ficou evidente que ambos os times vinham com MUITA sede. Hits atrás de hit e a partida começou digna de um jogo 7. Aos 10 minutos, durante um power play, Rick Middleton colocou os Bruins na frente. Não demorou muito e os Canadiens foram em busca do empate com o veterano Jacques Lemaire, também no power play, aproveitando rebote do goleirão Gilles Gilbert. O goleiro inclusive, fez grandes defesas no primeiro período e evitou uma virada dos Canadiens.

No segundo período, só deu Bruins! Wayne Cashman anotou dois gols para a equipe de Boston e deixou os visitantes em boa situação na partida com uma vitória parcial de 3×1 após 40 minutos de jogo.

Então veio o terceiro período, a equipe da casa precisava correr atrás do resultado e veio decidida: logo aos 6 minutos do último período, após grande jogada da estrela Guy Lafleuer, Mark Napier diminuiu o placar. Foi então que tivemos uma das cenas mais famosas daquela série e que até os dias de hoje é uma das imagens mais conhecidas na NHL: após receber um passe, Jacques Lemaire disparou pelo gelo e se enroscou com o defensor dos Bruins, Dick Redmond, em um lance normal (aos olhos de muitos, inclusive deste que vos escreve). A arbitragem assinalou uma penalidade a favor do Montreal Canadiens e a torcida explodiu, sentindo o grande momento. A câmera então focou em Don Cherry (sim, aquele mesmo), técnico do Boston Bruins, que ironicamente começou a “reger” a torcida dos Habs em protesto pela penalidade mal assinalada. A torcida, é claro, não deixou barato e naquele instante o volume no Forum dobrou. Habs para o power play, torcida ensandecida e mais uma vez Guy Lafleur chamou a responsabilidade, “regeu” o power play dos Habs e após bom passe, Guy Lapointe disparou do meio da rua e empatou a partida, 3×3.

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Don Cherry (BOS) provoca a torcida de Montreal após a penalidade

Com o jogo empatado, a intensidade das equipes só aumentou e foi então que Ken Dryden e Gille Gilbert começaram a roubar o show com um espetáculo de grandes defesas, até que faltando apenas quatro minutos para o fim do jogo, o talentoso Rick Middleton brigou pela posse do disco, contornou a trave de Ken Dryden e com um suave backhand colocou o disco nas redes por baixo do goleiro dos Habs para colocar os Bruins na frente na reta final da partida. O Forum de Montreal mergulhou em um silêncio ensurdecedor após o gol e o destino da partida parecia definido. Os Habs, cansados, não tinham forças pra igualar os Bruins no gelo no 5-contra-5 e as chances que tinham, paravam no inspirado Gilles Gilbert. Foi então que uma das penalidades mais famosas da história ocorreu: ao fazer uma troca de linhas, a comissão dos Bruins se atrapalhou e a equipe acabou com nada menos que SETE jogadores no gelo. Ainda assim, forem necessários 15 segundos para que a arbitragem notasse a penalidade. Com 2:34 no relógio, o Montreal Canadiens tinha uma chance e o lendário treinador Scotty Bowman sabia que era a última e enviou uma poderosa unidade de power play ao gelo – hoje, todos os cinco integrantes daquela unidade estão do Hall da Fama do Hockey.

Os Habs começaram pressionando no power play, sem surtir muito efeito e parando em Gilbert, após a defesa afastar o disco, a unidade se organizou e avançou no gelo, Jacques Lemaire conduziu o disco e fez um passe para trás, onde vinha a estrela Guy Lafleur que emendou um belo disparo a uma certa distância para bater Gilbert e empatar o jogo a 1 minuto e 14 do fim!

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O goleiro Gilles Gilbert, batido pelo disparo de Guy LaFleur que empatou a partida
O JOGO 7 SERIA DEFINIDO NA PRORROGAÇÃO!

Mesmo com ambas as equipes muito cansadas, o ritmo não diminuiu na prorrogação e logo de início Ken Dryden fez uma defesa espetacular após disparo a queima-roupa de Brad Park! Do outro lado, Gilbert continuava segurando Lafleur e cia, o que rendeu 10 minutos iniciais insanos na prorrogação e que provavelmente fez alguns torcedores quase morrerem do coração na arena.

E ENTÃO…

Rick Middleton partiu em direção ao ataque e antes de fazer o passe, foi desarmado por Serge Savard, que lançou o disco em direção ao meio do gelo, conectando passe para Mario Tremblay, que carregou o disco pelo canto direito do gelo e fez um passe certeiro para Yvon Lambert que só empurrou para o gelo, vencendo o jogo, mandando os Canadiens para mais uma final e trazendo o Forum abaixo!

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Os Habs comemoram o gol de Lambert

Abaixo, um compacto do épico jogo 7 entre as equipes. Vale MUITO a pena assistir!

2:50 – Gol de Middleton (1×0)
5:05 – Gol de Lemaire (1×1)
9:40 – Gol de Cashman (2×1)
14:55 – Gol de Cashman (3×1)
19:35 – Gol de Napier (3×2)
20:45 – A penalidade polêmica e a cena de Don Cherry
22:34 – Gol de Lapointe (3×3)
28:45 – Gol de Middleton (4×3)
33:15 – Gol de LaFleur (4×4)
46:12 – Gol de Lambert (4×5) – Gol da vitória na prorrogação!

Sentindo falta de algumas brigas até aqui, querido leitor? Pois se prepare, porque daqui pra frente, a violência entre as equipes começou a escalar cada vez mais nos capítulos seguintes da história!

1986 – A briga nos corredores! (Brawl In The Hall)

Era mais um jogo entre os eternos rivais, tudo ia “bem” no gelo, até que o defensor dos Bruins, Jay Miller, resolveu que era hora de encrencar com alguém. Miller tentou um hit em Chris Chellios no meio do gelo e errou, o jogador dos Canadiens não gostou nada e falou alguma coisa pra Miller, que também não gostou e assim se iniciou a confusão!

Miller foi pra cima de Guy Carbonneau e os dois se engancharam, assim como outros jogadores ao redor, e então a primeira briga da noite começou pra valer: Chris Chelios (MTL) vs Tom McCarthy (BOS). O jogador dos Bruins derrubou o oponente com facilidade e o segurou no chão, neste momento a plateia rugiu, porque Jay Miller havia se desvencilhado de Carbonneau e dropou as luvas com com David Maley nas bordas do gelo. O jogador dos Bruins também não teve grandes dificuldades para derrubar Maley com fortes socos e mesmo com a intervenção da arbitragem, os jogadores não se soltaram. Do outro lado, faltavam árbitros pra separar a confusão onde pelo menos oito jogadores estavam enroscados e trocando empurrões e “pequenas agressões”, até que o camisa 30 dos Habs, Chris Nillan desferiu um violento soco em Paul Boutilier, que sequer estava se defendendo no momento, derrubando o jogador dos Bruins e causando a ira (ainda mais) de Jay Miller, que tentava se soltar de uma das zebras a todo custo pra ir em direção a Nilan. Miller foi então ejetado e enviado para os vestiários, assim como Chris Nilan. No entanto, no momento em que o camisa 30 dos Habs passava pelo banco dos Bruins, desferiu um soco em Ken Linesman e aí O TEMPO FECHOU DE VEZ!

briga em bruins x canadiens
A confusão nos corredores de acesso aos vestiários

Ambos os bancos vieram em direção a confusão, enquanto alguns jogadores brigavam nos corredores em direção aos vestiários, alguns se atracavam no gelo e as zebras não sabiam pra onde ir! (haha) Assim, Claude Lemieux e Nevin Markwart seguiram “dançando” no gelo por um longo período até finalmente serem apartados por um dos árbitros.

Após muitos esforços, os árbitros conseguiram acalmar a situação, com a ajuda dos seguranças da arena, uma vez que a confusão se estendeu até os vestiários. O resultado de tanta confusão? Múltiplas penalidades, expulsões e 178 MINUTOS DE PENALIDADES DISTRIBUÍDOS!

Chris Nilan e Ryan Walter foram suspensos por três partidas, enquanto Claude Lemieux foi suspenso por uma partida.

Abaixo, um vídeo mostrando toda a confusão no gelo e um pouco fora dele!

Neste ponto da história, vocês já perceberam que os Canadiens dominaram os Bruins por muito tempo, não é?

E assim foi, durante 45 anos, 18 séries de playoffs a equipe de Boston simplesmente não conseguia bater os rivais nos playoffs, na temporada 1986-1987, um novo encontro terminou em uma varrida da equipe de Montreal, então na temporada seguinte, quando as equipes se encontraram novamente no equivalente ao segundo round dos playoffs, o sentimento é que veríamos mais uma vez uma vitória canadense. Mas algo aconteceu…

1988 – Final da Divisão Adams e a quebra de tabu após 45 anos!

A série se iniciou em 18 de Abril, e a equipe de Montreal começou de forma dominante, como sempre ocorria. Uma sonora vitória por 5×2 no jogo 1, deu a impressão que veríamos o mesmo filme novamente. No jogo 2, liderados pelos talentosos Ray Bourque e Cam Neely, os Bruins arrancaram uma grande vitória diante dos Habs e igualaram a série. Neste segundo jogo, os Canadiens sofreram uma baixa que viria a fazer a diferença durante o restante da série: a jovem sensação Stephane Richer, autor de 50 gols na temporada regular saiu lesionado da partida de número 2. Na sequência da série, os Bruins levaram o jogo 3 com facilidade e dominando os Habs. No jogo 4, um raro shutout para o Boston Bruins, que contou ainda com um gol do experiente Rick Middleton e colocou a equipe em posição de eliminar os arquirrivais.

E assim chegou o dia 26 de Abril de 1988, o dia em que o Boston Bruins marchou em direção ao Forum de Montreal podendo fazer história e exorcizar o seu maior demônio até então. Puck no gelo, início equilibrado, até que aos 10 minutos de jogo, após boa jogada de Randy Burridge, Steve Kasper abriu o placar para os Bruins. Não demorou muito para os Bruins ampliarem com Cam Neely, que roubou o disco do veterano defensor Rick Green e passou fácil por Patrick Roy para fazer 2×0. De volta para o segundo período, os Bruins seguiam comandando o jogo e contando boas defesas de Rejean Lemelin, até que a conexão do primeiro gol funcionou novamente – de Burridge para Kasper, de Kasper para o gol e os Bruins abriam um sonoro 3×0 para silenciar o Forum de Montreal. John Kordic ainda respondeu rapidamente diminuindo o placar para os Canadiens, mas nos minutos iniciais do último período, Cam Neely novamente marcou e decretou a vitória da equipe de Boston. Após 45 anos e 18 séries de playoffs, o Boston Bruins vencia o Montreal Canadiens nos playoffs!

Rick Middleton, veterano da equipe de Boston e que sofreu durante toda sua carreira nas mãos dos canadenses deu a seguinte declaração anos depois

Ganhar dos Canadiens não foi apenas grandioso durante a minha época jogando contra eles, mas por 45 anos os Bruins nunca venceram os Canadiens numa série. Aquela foi a minha Stanley Cup

Abaixo, um vídeo com os melhores momentos do decisivo jogo 5!

Durante os anos 90 a rivalidade teve poucos momentos que se pode destacar, o mesmo se pode dizer do início dos anos 2000. Ao fim da primeira década do século XXI, a animosidade voltou a se fazer presente nos confrontos entre as equipes. Os times contavam com caras já conhecidas por nós nos dias de hoje, como Brad Marchand, Patrice Bergeron, PK Subban, Carey Price, Max Pacioretty e outros! Isso nos leva a um encontro que aconteceu em fevereiro de 2011 e rendeu momentos de violência e tantos minutos de penalidade quanto a briga nos corredores de 1986.

2011 – 9 de Fevereiro e os 182 minutos de penalidades!

Era só mais um jogo comum de temporada regular, o Boston Bruins vencia o Montreal Canadiens por 2×0 ao fim do primeiro período e então começou…

Milan Lucic fazia a função de sempre, o power forward que incomoda os goleiros quando foi repetidamente atingido por Carey Price. É claro que Lucic não deixaria passar e revirou o cross-checking no goleiro dos Habs. PK Subban e Hal Gill que estavam perto, foram pra cima do jogador dos Bruins e a primeira pequena confusão da noite começava. Lucic e Gill foram pra jaula e a coisa acalmou no início do segundo período. Mas só no início…

Faltando 9 minutos e meio, PK Subban por pouco não arranca a cabeça de Brad Marchand com um hit alto, o camisa 63 retaliou poucos minutos depois com um hit nas bordas em Ryan O’Byrne e aí o tempo fechou pra valer! Basicamente todos os jogadores no gelo se atracaram em brigas e troca de empurrões. Zdeno Chara veio disparado em direção a Max Pacioretty, que um mês antes havia marcado um gol e provocado o defensor dos Bruins com um empurrão (GUARDEM BEM ESSA INFORMAÇÃO). Enquanto as zebras tentavam separar os jogadores de linha, os goleiros Tim Thomas e Carey Price começaram uma acalorada discussão e então, em um raro momento nos dias de hoje, tivemos uma briga entre goleiros.

briga em bruins x canadiens
Carey Price e Tim Thomas em uma rara briga entre goleiros

Com os ânimos acalmados e todos devidamente de castigo, tivemos imagens que circularam pelas redes sociais a época, com ambas as jaulas cheias de jogadores.
box cheio em bruins x canadiens box cheio em bruins x canadiens

O jogo foi então retomado e correu tudo com “tranquilidade” até os 3 minutos finais, quando PK Subban e Nathan Horton se estranharam e uma nova confusão se iniciou. Hal Gill partiu pra cima de Horton e Lucic pra cima de Subban, enquanto as zebras resolviam isso, do outro lado David Krejci e Benoit Pouliot foram livres pra briga, com Pouliot derrubando o jogador dos Bruins facilmente. Tudo sob controle novamente, jogo que segue para o fim e com 40 segundos no relógio, Travis Moen (MT) e Andrew Ferrence (BOS) também partiram pra briga e uma das boas, quando tudo parecia terminado, todo mundo que estava no gelo resolveu brigar também, com destaque para Tom Pyatt (MTL), que acabou saindo com o rosto muito machucado de uma briga com Gregory Campbell.

Finalmente os árbitro acalmaram tudo e a partida terminou com a vitória do Boston Bruins por incríveis 8×5, em uma das noites mais memoráveis da grande rivalidade!

Abaixo, um vídeo de 16 minutos contendo todas as confusões da partida!

2011 – 08 de Março e o hit pavoroso em Max Pacioretty

Quase um mês após o encontro repleto de brigas e confusões que entrou pra história da rivalidade, um novo episódio ocorreria e dessa vez chocaria os presentes no Bell Centre em Montreal. Em um confronto em Janeiro, Pacioretty havia marcado um gol e foi em direção de Zdeno Chara e empurrou o defensor, que claro, não gostou nada e partiu pra cima do jogador dos Canadiens. Em fevereiro, em meio toda aquela confusão, Chara veio do outro lado do gelo e partiu da cima de Pacioretty. Quem dera se essa novela tivesse terminado ali…

As equipes voltaram a se enfrentar no mês de março e o jogo corria normalmente (naqueles termos) até que a poucos segundos do fim do segundo período, Zdeno Chara e Max Pacioretty foram em direção ao disco que estava próximo as bordas, com o jogador dos Habs mais próximo da borda, Chara desferiu um hit, empurrando Pacioretty de cabeça em uma parte com uma proteção elevada. O jogador dos Canadiens caiu completamente desacordado no gelo e precisou ser removido as pressas em uma ambulância. Abaixo, o vídeo do momento em que Zdeno Chara jogar Pacioretty contra a borda.

chara atinge pacioretty em bruins x canadiens
O exato momento do hit desferido por Chara

chara atinge pacioretty em bruins x canadiens

Pacioretty sofreu uma concussão severa e fraturou uma vertebra, retornando apenas na temporada seguinte, uma vez que a temporada 2011 já estava em sua reta final. Zdeno Chara recebeu uma penalidade de “Game Misconduct” pela jogada, porém não foi multado ou suspenso pela liga após revisão do lance. Naquela noite, os residentes de Montreal inundaram as centrais da emergência da cidade fazendo denúncias contra Chara, exigindo a prisão do mesmo.

Sobre a jogada, Zdeno Chara deu a seguinte declaração:

“Era um faceoff e estávamos tentando fazer uma jogada. Basicamente, o disco foi para o outro lado e a gente disputou o disco. Eu não sabia que ele estava no gelo… Foi uma jogada de hockey apenas. Eu sei que eu não fiz isso intencionalmente. Eu já disse antes, não é meu estilo. Eu nunca tento machucar ninguém. Eu jogo de forma física, de forma dura, mas não tive a intenção de fazer isso”

Max Pacioretty não ficou muito convencido com a declaração de Chara e rebateu:

“Eu ouvi que ele disse que não teve a intenção. Eu senti que ele quis fazer isso. Eu me sentiria melhor se ele dissesse que fez isso e que ele sentia muito por isso, eu poderia perdoar isso, mas eu acho que ele está falando como eu saltei ou algo assim. Eu acredito que ele estava tentando direcionar minha cabeça para o corner. Nós todos sabemos onde está o corner. Não foi um hit na cabeça como muitos outros que vemos, mas eu senti que ele jogou minha cabeça no corner.

“Eu estou bem irritado e enojado que a liga não achou que foi o suficiente para suspender o Chara. Não estou bravo por minha causa, estou bravo porque jogadores verão hits assim e acharão que é ok – eles não serão suspensos – e então outros jogadores irão se machucar como eu. Tenho uma fratura em uma vertebra, estou no hospital e eu achei que a liga faria algo. Eu não estou de algo grande, não sei, um jogo, dois, três… o que seja, algo para mostrar que isto não é certo”

As declarações de Pacioretty, ainda no hospital repercutiram pela mídia e Zdeno Chara rebateu publicamente

“Pacioretty está no hospital, então ele tem o direito de estar emotivo e eu respeito isso. Eu me sinto mal que ele tenha se lesionado. Como jogadores de hockey, nós todos nos sentimos mal quando algo assim acontece. Não importa se é o time da casa ou visitantes. Desejo a ele uma recuperação rápida, para que ele possa voltar ao gelo logo. Isso é tudo o que gostamos de fazer, jogar hockey. Quando vamos pro gelo, nós assumimos riscos e as vezes nos machucamos. É uma pena.”

2011 – O épico primeiro round decidido no jogo 7!

Podemos concordar que o ano de 2011 foi bem “especial” para esta rivalidade, certo? E também podemos concordar que a melhor hora para um acerto de contas é durante os playoffs, certo? Pois para nossa sorte enquanto espectadores e torcedores, foi isso que ocorreu nos playoffs de 2011 da NHL.

Após toda a violência e confrontos pesados na temporada regular, o cruzamento para os playoffs colocou Boston Bruins e Montreal Canadiens frente a frente logo no primeiro round!

O resultado disso? Uma série INCRÍVEL, extremamente equilibrada e decidida da melhor maneira possível: na prorrogação de um jogo 7! 

O mando de gelo da série era dos Bruins, que tiveram melhor campanha na temporada regular. Muito bom, certo? ERRADO!

O Montreal Canadiens iniciou a série com tudo e venceu as duas primeiras partidas jogadas em Boston, abrindo 2-0 na série. A série então migrou para Montreal e com grandes atuações de David Krejci e Mark Recchi e Tim Thomas, os Bruins levaram o jogo 3. O jogo 4 nos deu uma amostra do que seria o restante da série: uma partida de 9 gols decidida na prorrogação!

O jogo era crucial para a equipe de Boston, que precisava de uma vitória para igualar a série e não deixar os canadenses abrirem uma vantagem confortável. Em um primeiro tempo muito equilibrado, os Habs saíram na frente com Brent Sopel. No início do segundo período, Michael Ryder deixou tudo igual, porém os Habs rapidamente abriram 3×1. Os Bruins, mostrando uma grande capacidade de reação, que ficaria imortalizada nesses playoffs, buscaram o empate a poucos minutos do fim do segundo período com Patrice Bergeron. Ao início do terceiro período, mas um balde de água fria nos Bruins após PK Subban recolocar os Habs na frente.  A partida seguiu assim até dois minutos para o fim do jogo, quando Chris Kelly deixou tudo igual novamente e levou a partida para a prorrogação.

E LÁ VAMOS NÓS PARA EMOÇÃO!

Puck no gelo e não demorou muito até o jogo ser resolvido. Com menos de 2 minutos, o Boston Bruins escapou em um contra-ataque 3-contra-1, após disparo, o disco sobrou para Chris Kelly, que conseguiu fazer o passe por baixo da defesa dos Canadiens para Michael Ryder, que conseguiu o domínio e disparou pra rede de Carey Price, vencendo o importante jogo para a equipe de Boston! Abaixo, o vídeo do gol marcado por Ryder:

Série empatada, jogo 5 de volta em Boston e QUE JOGO! Foi um verdadeiro bombardeio de ambos os ataques e performances MEMORÁVEIS de ambos os goleiros. Foram necessários 44 minutos de jogo para que o primeiro gol da partida saísse, marcado por Brad Marchand. Faltando menos de 6 minutos, o Montreal Canadiens empataria a partida e pela segunda vez consecutiva na série, teríamos prorrogação e não apenas uma, mas duas!

Após incríveis 89 minutos de partida, de um jogo incrível do início ao fim, Nathan Horton (GUARDEM ESSE NOME!) aproveitou o bate e rebate no crease de Carey Price e marcou o gol da vitória dos Bruins! Abaixo, o vídeo do gol marcado por Horton:

De volta a Montreal para o jogo 6, era tudo ou nada para a equipe da casa e assim, fomos presenteados com mais um jogo extremamente equilibrado, contando com boas atuações dos goleiros. No fim, vitória apertada dos Habs, que levariam a série de volta para Boston para o jogo 7! 

O JOGO 7!

E então no dia 27 de Abril de 2011, as equipes se encontravam novamente para um jogo 7, pela 7ª vez na história!

Logo de início, os donos da casa pularam na frente com gols de Johnny Boychuk e Mark Recchi. Com cinco minutos, os Bruins lideravam por 2×0 e a torcida no TD Garden pulsava. Os Habs responderam ainda no primeiro período com Yannick Weber e Tomas Plekanec empatou a partida no segundo período. A partida seguiu equilibrada e aos 10 minutos do terceiro período, o veterano Chris Kelly aproveitou o rebote de Carey Price e recolocou os Bruins na frente. A equipe de Boston segurou a vantagem de todas as formas possíveis, até que na reta final da partida, em um power play, PK Subban acertou um verdadeiro foguete e deixou tudo igual novamente. Ninguém conseguiu fazer nada nos minutos finais e a série seria decidida na prorrogação!

A prorrogação começou e o Montreal Canadiens avançou pra cima do Boston Bruins, em parte, embalado pelo gol tardio de PK Subban. Tim Thomas segurou as pontas como pode lá atrás, fazendo diversas defesas importantes e mantendo a equipe de Boston viva na partida. O disco então foi para a zona ofensiva dos Bruins e após um faceoff, a defesa dos Habs não conseguiu afastar o disco, deixando os Bruins se organizarem no ataque e trabalharem a posse. Após alguns segundos buscando o passe, Milan Lucic achou Nathan Horton (LEMBRAM DELE?) no meio do gelo, o camisa 18 dominou o disco, se posicionou e efetuou um disparo baixo, que passou pela defesa e por Carey Price, que com trafego a sua frente, nada pode fazer. Os Bruins marcaram e fecharam a série, avançando nos playoffs. A equipe mostraria um espírito incrível nas séries seguintes, especial na Stanley Cup diante dos Canucks, quando mais uma vez virou uma série de forma incrível para conquistar o título após quase 40 anos!

Abaixo, um vídeo com os melhores momentos do jogo 7!

0:20 – Gol de Boychuk (1×0)
1:30 – Gol de Recchi (2×0)
3:25 – Gol de Yannick Weber (2×1)
8:27 – Gol de Plekanec (2×2)
12:53 – Gol de Kelly (3×2)
16:33 – Gol de Subban (3×3)
20:46 – Gol da vitória marcado por Horton  (4×3)

2014 – Jogo 7 novamente e o último grande momento até aqui!

Após o grandioso momento vivido pelas equipes em 2011, onde a rivalidade atingiu níveis estratosféricos, levaria outros três anos para que as equipes voltassem a se encontrar nos playoffs, desta vez no segundo round e novamente, não decepcionaram!

Já na abertura da série, um jogaço entre as equipes, com performance espetacular de Carey Price, que fez nada menos que 48 defesas e uma prorrogação dupla, só pra mostrar o que viria pela frente. O grande nome daquela noite: PK Subban, que anotou o primeiro e o último gol da noite, dando a vitória para os Habs após 85 minutos de puck no gelo!

Abaixo, o vídeo do gol marcado por Subban para vencer o jogo 1.

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O Boston Bruins reagiria no jogo 2, buscando uma grande vitória por 5×3 e igualando a série. As equipes trocaram vitórias no TD Garden e agora era hora da série migrar para Montreal, onde novamente as equipes trocaram vitórias, sendo uma delas conquistada pelos Bruins na prorrogação e com direito a shutout para Tukkaa Rask, que fez 33 defesas naquele jogo 4!

Abaixo, o vídeo do gol marcado por Matt Fraser para dar a vitória aos Bruins:

No retorno da série ao TD Garden, os Bruins fizeram valer o mando de gelo e com uma grande atuação de seu ataque e também de Tuukka Rask, passaram adiante na série, jogando a pressão toda para o lado dos canadenses, que fariam o jogo 6 em casa. Em noite inspirada de Thomas Vanek e com direito a shutout de Carey Price, os Canadiens atropelaram os Bruins em Montreal, empataram a série, forçando o tão amado jogo 7, que ocorreria novamente em Boston!

Com o jogo valendo, os Canadiens precisaram de apenas dois minutos para abrir o placar com Dale Weise, após uma pequena falha da defesa e afastar o disco. A partida seguiu equilibrada, com ambos os times se atacando muito e com os goleiros fazendo um grande jogo. Na metade do segundo período, após mais uma falha defensiva, Max Pacioretty recebeu bom passe e bateu Rask para ampliar o placar para os canadenses. Ainda no final do segundo período, um sopro de esperança pra torcida da casa, quando Jarome Ignila desviou o disparo de Torey Krug e diminuiu o placar, colocando fogo no jogo!

A partida seguiria lá e cá até os minutos finais, com ambas as equipes pressionando, em especial o Boston Bruins, mas nada passava por Carey Price naquela noite. E então, um daqueles momentos cruéis que só o esporte é capaz de proporcionar aconteceram: faltando dois minutos para o fim da partida, os Habs tinham um power play e avançaram no gelo com Daniel Briere, que infiltrou a defesa e tentou um passe para o meio, Zdeno Chara vinha no sentido oposto e acabou desviando o disco com o próprio patins para dentro do próprio gol, tirando Rask da jogada e liquidando o jogo a favor dos Canadiens, que avançaram até as finais de conferência daquela temporada!

Abaixo, um vídeo com os melhores momentos da partida:

0:19 – Gol de Weise (1×0)
5:18 – Gol de Pacioretty (2×0)
6:35 – Gol de Ignila (2×1)
9:55 – Gol de Briere  (3×1)


Amigos, chegamos ao fim de mais um episódio da série “Rivalidades Históricas” e certamente esse foi um grande mergulho na história da liga e na que é considerada a maior rivalidade da NHL até hoje. Não deixem de nos dar seus feedbacks através das redes sociais e deixam nos comentários quais rivalidades vocês gostariam de ver aqui no quadro!