O Vegas Golden Knights se sagrou campeão da temporada 2022-2023 da NHL, erguendo a Stanley Cup pela primeira vez em sua curta história.

 

Mas o que tornou Vegas tão diferente das demais equipes de expansão ao curso da história da NHL? Bom, além do Draft de Expansão, onde a equipe conseguiu capitalizar em cima dos erros das demais franquias, Vegas também adotou um estilo agressivo de negociações, que em alguns momentos chegaram a causar polêmica, como a troca do primeiro ídolo da franquia, Marc-Andre Fleury, por praticamente retorno algum.

 

Antes de ler o texto a seguir, onde será explorado um pouco das grandes movimentações que ajudaram a moldar a equipe campeã, será deixada uma passagem a respeito do processo de montagem da equipe, que, recomenda-se, seja feita a leitura, haja vista informações importantes e nomes que aparecerão por aqui como personagens importantes dessa conquista.

 

Leia o texto sobre a expansão de Vegas clicando AQUI.

 

A equipe fez uma grande campanha em sua temporada inaugural e certamente se encaminhava para chegar aos playoffs. Foi então que a direção deu os primeiros indícios que buscaria uma grande estrela ainda em sua primeira temporada. Dessa forma, na trade deadline, data limite de trocas em 2018, Vegas ligou para Ottawa e iniciou uma negociação pelo defensor Erik Karlsson, na época uma das peças mais cobiçadas no mercado da NHL.

 

As negociações ficaram MUITO próximas de serem concluídas, porém, no último momento, Vegas hesitou totalmente em ceder Cody Glass, que na época era o prospecto mais valioso da franquia, e a negociação caiu por terra, onde meses depois, Karlsson seria trocado para o San Jose Sharks.

 

A temporada 2017-2018 terminaria com o Golden Knights como vice-campeão em uma temporada histórica, que não só viu um time de expansão chegar as finais, como decretou que o hóquei daria certo em meio ao deserto.


1 – A primeira grande troca

 

Após o vice-campeonato, Vegas seguiu em busca de uma estrela no mercado e foi aí que mais uma vez a franquia ligou para o Ottawa Senators. Dessa vez, não era um defensor, mas sim um atacante, considerado por muitos um grande líder dentro do gelo e um jogador que se entregava de corpo e alma tanto no ataque, como na defesa. Em 25 de fevereiro de 2019, na data limite para trocas daquela temporada, o Vegas Golden Knights anunciou a troca por Mark Stone.

 

O impacto foi imediato e após pouco menos de 2 anos com a franquia, Mark Stone foi nomeado o primeiro capitão da história do Golden Knights e se tornou uma peça fundamental dentro e fora do gelo para a equipe.

 

Nos playoffs deste ano, uma performance magistral do capitão ajudou a impulsionar a equipe até o título: Foram 22 partidas e 24 pontos (11 gols, 13 assistências), com direito a um hat-trick no jogo que encerrou a série!

 

2 – A primeira grande aquisição na free agency

 

O sistema defensivo de Vegas foi sólido desde o primeiro dia em que a franquia entrou no gelo, e assim seguiu, com peças como Shea Theodore, Brayden McNabb e Nate Schmidt se destacando. Nas temporadas seguintes, a equipe continuou chegando com tranquilidade aos playoffs, alcançando uma final de conferência na temporada 2019-2020. Após a derrota para o Stars, a direção decidiu que era hora de mexer um pouco em sua linha azul e um nome despontava no mercado: Alex Pietrangelo.

 

O defensor havia conquistado a Stanley Cup com o Blues na temporada 2018-2019, tendo sido um dos destaques da equipe. Na offseason, após a temporada 2019-2020, com o fim do seu contrato, Pietrangelo deixou seu futuro em aberto com o Blues, e Vegas decidiu que era hora de investir pesado em uma estrela para a sua defensa. Após muitas semanas de especulação, Pietrangelo assinou um contrato de 7 anos com Vegas. Para abrir espaço para a nova estrela, Vegas precisou se desfazer de um dos jogadores mais queridos pela torcida, Nate Schimdt, que foi trocado para o Vancouver Canucks.

 

Na temporada 2022-2023, Pietrangelo anotou 54 pontos, sendo o líder absoluto da defesa de Vegas e conduzindo a unidade que teve um impacto ímpar durante os playoffs, onde o defensor anotou 10 pontos (1 gol, 9 assistências).

 

3 – Uma troca que passou por baixo dos radares…

 

Em 2019, Vegas fez uma troca que, até então, era apenas uma simples troca por um jogador que iria compor o elenco e atuar na terceira ou quarta linha da equipe. Estamos falando de Chandler Stephenson!

 

Em suas primeiras temporadas com a franquia, Stephenson de fato foi o jogador complementar para a equipe, porém em meio a diversas mudanças e lesões nas últimas duas temporadas, o jogador se tornou peça vital da equipe, perdendo pouquíssimos jogos por lesão, jogando em alto nível e ultrapassando a casa dos 60 pontos em ambas as temporadas.

 

Na corrida pela Stanley Cup, um desempenho pra lá de importante: foram 22 jogos e 20 pontos anotados (10 gols, 10 assistências), um desempenho que coloca Stephenson como uma das principais peças da conquista e uma das trocas que certamente foram vitais para o título.

 

4 – A chegada do Golden Boy – Jack Eichel

 

Vegas seguiu tendo equipes muito fortes ao longo dos anos, porém, com o passar do tempo, ficou evidente que a franquia precisava desesperadamente de um central número um. William Karlsson viveu momentos de altos e baixos durante o período e já não vinha performando como antes, Stephenson não tinha tal perfil até então e a equipe tinha enormes dificuldades de criar quando Karlsson e Mark Stones eram duramente marcados nas partidas, como foi na série diante do Canadiens, em 2021.

 

Ao mesmo tempo, a situação de Jack Eichel ficava cada vez mais crítica em Bufffalo. A jovem superestrela precisava realizar um procedimento cirúrgico para uma lesão no pescoço e o Sabres não estava disposto a autorizar o método cirúrgico escolhido por Eichel, que até então não havia sido realizado em nenhum jogador de hóquei.

 

Com o perdão da piada, aqui estamos falando de Vegas, lugar onde apostas nunca foram um problema e, sabendo da capacidade de Jack Eichel e confiando no procedimento após ouvirem diversos especialistas no assunto, os diretores de Vegas fizeram sua aposta mais alta: puxaram o gatilho em uma das maiores trocas dos últimos anos e levaram Jack Eichel para a cidade do pecado!

 

Para acomodar o alto salário de Eichel, a equipe precisou enviar Alex Tuch na troca e fazer mais alguns movimentos em seu plantel, o que acabou por prejudicar a equipe na temporada 2021-2022, onde, pela primeira vez em sua curta história, Vegas ficaria de fora dos playoffs.

 

Mas é como diz o ditado: às vezes precisamos apenas dar uns passos para trás pra tomar um impulso ainda maior, e foi exatamente o que aconteceu na primeira temporada completa de Jack Eichel com a equipe: líder de pontos na temporada pelo Vegas, líder de pontos da equipe nos playoffs e o maior pontuador geral nos playoffs, com performances incríveis e jogadas espetaculares que ajudaram a embalar a equipe nos momentos certos e chegar ao sonhado título. Tudo isso em sua PRIMEIRA aparição nos playoffs da NHL.

 

5 – O herói improvável

 

Desde a saída de Marc-Andre Fleury, o gol se tornou o grande problema de Vegas. Robin Lehner não conseguiu se firmar como goleiro titular da franquia e vem sofrendo com lesões. O novato Logan Thompson vinha de uma boa temporada, mas também não conseguiu se firmar. A equipe buscou Laurent Brossoit, que apareceu muito bem durante a temporada, e Jonathan Quick, goleiro veterano que fez história com o Kings.

 

Todos tiveram seus momentos durante a temporada. Brossoit foi vital na primeira rodada diante do Jets, mas foi o nome menos badalado de todo o plantel de goleiros de Vegas que fez toda a diferença. Em agosto de 2022, Vegas fez uma troca e trouxe o então instável Adin Hill para compor o elenco e ser um dos goleiros da temporada. A torcida não gostou muito e a troca foi questionada, uma vez que Hill vinha de temporadas em baixa com Coyotes e Sharks.

 

Durante a temporada regular, boas aparições foram aumentando a confiança do goleiro e também da torcida. Então chegamos aos playoffs e o que parecia ser a pós-temporada de Laurent Brossoit, logo se tornou a de Adin Hill, em uma história que nem mesmo o torcedor mais sonhador da franquia conseguiria imaginar.

 

Hill assumiu as redes de Vegas e não saiu mais após a lesão de Brossoit, tendo uma atuação mais espetacular que a outra, noite após noite, gerando inúmeras comparações com performances de lendas da posição como Dominik Hasek e Patrick Roy.

 

Hill terminou os playoffs com 16 partidas, uma média de apenas 2.17 gols sofridos por jogo e nada menos que 93% de aproveitamento em defesas, a maior marca da liga nos playoffs, e sem dúvidas foi o responsável por momentos que a torcida de Vegas não irá esquecer tão cedo, como a grande defesa com o stick em uma finalização a queima roupa de Nick Cousins.

 

 

Além de todas essas ótimas negociações, é muito importante destacar o papel da direção ao identificar jogadores que foram importantes para a franquia desde o dia 1, como Reilly Smith, que mesmo em uma fase instável recebeu um novo contrato e vem de uma grande temporada, ou Jonathan Marchessault, que teve seu nome citado em possíveis trocas no passado e foi eleito o melhor jogador dos playoffs durante a corrida do título.

 

Apesar de algumas polêmicas envolvendo a forma com que realizam seus negócios em alguns momentos, é inegável que George McPhee e Kelly McCrimmon conduzem Vegas com um estilo agressivo, porém efetivo, e após esse título, tenham a certeza que isso definitivamente irá continuar. Talvez até aumentar.

 

Texto por: Caique Tomiya